Santa Maria da Arrifana é a Freguesia mais antiga do concelho, do hoje Território que compõe Vila Nova de Poiares. Até 1835 foi a “Cabeça” dos antigos concelhos do Antigo Regime, as 7 Varas destes povoados de Poyares, tinha jurisdições que extravasavam os limites do concelho actual. No início da Nacionalidade fez parte dos domínios de Santa Cruz de Coimbra passando posteriormente às rendas do Prior-Mor da Universidade. Neste Território que compunham estas “Terras de Poyares” na Idade Moderna, Arrifana foi centro dos domínios da Universidade de Coimbra sua grande donatária. Junto à Igreja em Santa Maria, uma casa de grandes dimensões possuía Celeiro, assim como existiam Juiz Pedâneo. Os Juízes de Fora e Ordinários vinham de Coimbra, que tinha o seu termo nestes povoados.
A Igreja de Santa Maria é um ex-libris do concelho, “peça” fundamental no entendimento da História do concelho. A Frontaria e a Torre que se levanta à esquerda, estão concatenadas/ ligadas pelos elementos arquitetónicos. A porta principal é de frontão com verga curva. A Igreja possui 3 altares. O Principal ou altar mor ao centro possuí um escudo partido com as armas de Portugal e da Universidade de Coimbra. É de talha dourada do primeiro terço do século XVIII. A igreja é dedicada a Santa Maria. Edifício remodelado do século XVIII e XIX. No entanto o templo é muito mais antigo, tendo possuído uma lápide na Sacristia datada do ano de 1220. No reinado de D. Sancho I, em 1195, a rainha D. Dulce concede foral à Albergaria de Poiares e ao Convento de “Sam Miguel”. A Albergaria
de Poiares situava-se neste freguesia, verdadeira encruzilhada de estradas e caminhos. As principais vias de comunicação e estradas também por aqui passavam: Estrada Real, Carvalho e Coimbra, Lorvão e Aveiro, além da grande importância do Porto Fluvial de Louredo. A Ponte “Romana” testemunha essas vivencias de outrora em Zona de Flora autóctone de Sobreiros, Carvalhos e outros Quercus. Desse lugar de Louredo chegavam “barcas serranas” que vinham de inúmeros sítios navegando desde a foz do Mondego, na Figueira da Foz, até, ao porto da Raiva. Sal, cereais, peixe, vegetais, assim como artigos de comercio em geral eram transportados até ao Porto de Louredo, derivando deste para muitos lugares das Beiras. A Freguesia teve forte componente agrícola desde os séculos XVI e XVII, possuindo várias Quintas e “Casas de Lavradores Abastados”, como a Quinta das Moendas do Prazo ou a Quinta da Ordem ou ainda a Quinta da Beócia. Nesta freguesia nasceram inúmeros Poiarenses que muito dignificaram o seu Património Humano. Em 1861 nasceu no lugar de Pereiro de Cima, Bernardo Martins Catarino. Emigrou muito novo para o Brasil onde com muito esforço e tenacidade conseguiu fazer fortuna. Pelo seu serviço o Governo Brasileiro concedeu-lhe o Titulo Honorifico da Comenda da Ordem da Rosa. Foi um grande Benemérito deste concelho tendo oferecido ajudas à Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades e Hospital de Beneficência Poiarense, entre outros. Ervideira, Casais e Oliveira são hoje aldeias desta freguesia da Arrifana. Terras de Manufaturas e oficinas, nomeadamente artesãos de artefactos de madeira e palitos, essa que foi a grande “indústria dos palitos dos dentes”. Também daqui saiam cestos e artigos em vime. Mobiliário de madeira e artefactos de usos quotidianos como gamelas, peneiras ou outros utilitários.
Nesta antiga Freguesia realizam-se inúmeras festas e romarias. No lugar de Algaça, antiga Jurisdição, é padroeiro Santo António; em Louredo a Nossa Senhora da Paz; no lugar do Sobreiro, São Martinho ou São Sebastião; Soutelo, Nossa Senhora da Piedade, nos Terreiros, Santo António e no Vilar comemoram-se as festas do Espirito Santo. A freguesia de Santa Maria da Arrifana é limítrofe de Ceira, freguesia do concelho de Coimbra. Divide com este concelho a aldeia do Carvalho, lugar onde existe um monumento alusivo a um grande acidente aéreo. Por esta aldeia passava uma estrada importante vinda de Coimbra, vencendo o rio mondego e esta grande serra. Santa Maria da Arrifana é assim terra de História e tradição, de rio e serra, de paisagens bucólicas, verdes florestas e matas. As suas aldeias enriquecem todos quantos a queiram visitar.
Texto retirado do site da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, (http://www.cm-vilanovadepoiares.pt/descricaoa).